“A loucura é algo raro em indivíduos - mas em grupos,
partidos, povos e épocas é a norma.”
Friedrich Nietzsche
A organização da sociedade é sem
dúvida um elemento importantíssimo na vida do homem moderno, talvez o mais
importante, aliás, somente quando o estado com suas leis e sua autoridade passa
a existir que o homem mais fraco e também o menos inteligente tem a
possibilidade de defesa frente a natureza cruel e sem dúvida imoral. Por
exemplo: na vida selvagem um leão mata um antílope para se alimentar sem pensar
se o antílope tem ou não filhotes para cuidar, se o antílope é ou não inocente
ou algo do tipo, ou seja, sem questionamentos no campo da moral (e em nenhum
outro campo a não ser sua necessidade de comer). Na esfera da vivência humana:
um ser humano pré-histórico mata outro ser humano, esse assassinato se deve “somente”
a disputa da fêmea, mas ele mata e por isso não sente remorso, aliás, ou ele
matava ou ele morria e também porque sempre foi assim, isso foi o que ele viveu
durante todos seus anos. Em diversas outras situações o homem mais fraco e como
já disse o menos inteligente continua a sofrer com as injustiças da natureza,
aliás, que culpa ele teve de nascer sem grandes dotes? É necessária então a criação de um muro
invisível que não permite que o outro me toque e caso ele me toque deva ser
punido querendo ou não, (entende-se por “tocar” todo ato nocivo ao ser em
questão) respondendo a um grande poder “maior” que todos estão submetidos: a
lei.
A lei e
o estado vistos sob os parâmetros de proteção do bem pessoal e privado ou do
bem estar próprio e alheio, é bastante positivo, e assim há de ser. É evidente
também que o estado varia de nação, sociedade e cultura, entretanto ele sempre
se mostra presente, é sempre necessária uma organização social para que a vida
da comunidade se dê de forma ordenada e harmoniosa. Mas com a evolução da
sociedade e da mente humana viu-se a oportunidade de usar esse grande poder
para alcançar objetivos totalmente subjetivos, sem visar o sofrimento que certa
ação pode causar no outro, objetivos que não tem pretensão nenhuma de trazer de
certa forma o bem estar social, ou seja, da comunidade. Quem viu a oportunidade
de fazer esse mal uso do poder foram logicamente os eleitos para representar a
população, suas vontades e suas reivindicações. Assim desanda o processo de
representação do povo, a partir desse ponto, os representados passam a ser
constantemente enganados, cada vez com mentiras mais ridículas com restrições
cada vez mais duras para com aqueles que pensam um pouco diferente, ou seja, aqueles
que ofereçam algum risco para quem está no poder. Cria-se então um rebanho de
pessoas que pensam igual e que são totalmente inertes e submissas ao seu
governo, são vítimas do governo e se vangloriam por isso. Simples exemplos
disso são aqueles que ficam felizes ao poder tirar uma foto ou cumprimentar o
governante, aqueles que divinizam e idolatram os governantes, entre outros.
Acontecem
eventualmente manifestações, reformas políticas, ou seja, uma mudança massiva
de pensamento da comunidade, mas outros entram no poder e geralmente acontece o
mesmo. Entretanto quero me focar no trecho anterior. Prosseguindo... Quem está
no poder tem apoio de parte da sociedade que são as elites que por serem elites
acham ótima a organização do estado como está, logo não querem mudança, elites
essas que controlam os meios de comunicação, elites essas que por possuírem
maior capital cultural e monetário são geralmente quem molda o pensamento das
classes mais baixas da população. Surge outro problema: as classes baixas da
população começam a não enxergar problema em sua situação de vida, começam a se
acostumar com isso e quando não se acostumam, elas se simplesmente se confortam
com pensamentos do tipo “não existe solução, não há nada que possamos fazer
para mudar isso”, tudo motivado como já disse pela manipulação que o estado e
as elites impõem a essas pessoas. E não para por aí, eles ditam nosso
vestuário, o que iremos comer, o vocabulário que iremos usar, e tudo o mais, morre
assim os movimentos e identidades culturais de um povo, ou melhor, de vários
povos. A muito que me ocorre que tudo
isto é uma grande loucura, digo, respeitar ordens e tendências de uma cultura
dominante, não se opor a isso, achar normal, se acostumar com a servidão
intelectual e política, não pensar sobre temas realmente importantes e
fundamentais para a sociedade, além de todas as implicações para além de tudo
isso. Entretanto, ninguém tem culpa de estar em determinada situação (nesse
caso), mas todos têm o dever de tentar mudar, de fazer diferente e sermos
diferente, não é bonito ser sempre tão igual e arredio. Enfim, agora já não é
tão claro pra mim enxergar nossa saúde mental.