domingo, 9 de novembro de 2014

Um olhar sobre a loucura...

“A loucura é algo raro em indivíduos - mas em grupos, partidos, povos e épocas é a norma.”
Friedrich Nietzsche

A organização da sociedade é sem dúvida um elemento importantíssimo na vida do homem moderno, talvez o mais importante, aliás, somente quando o estado com suas leis e sua autoridade passa a existir que o homem mais fraco e também o menos inteligente tem a possibilidade de defesa frente a natureza cruel e sem dúvida imoral. Por exemplo: na vida selvagem um leão mata um antílope para se alimentar sem pensar se o antílope tem ou não filhotes para cuidar, se o antílope é ou não inocente ou algo do tipo, ou seja, sem questionamentos no campo da moral (e em nenhum outro campo a não ser sua necessidade de comer). Na esfera da vivência humana: um ser humano pré-histórico mata outro ser humano, esse assassinato se deve “somente” a disputa da fêmea, mas ele mata e por isso não sente remorso, aliás, ou ele matava ou ele morria e também porque sempre foi assim, isso foi o que ele viveu durante todos seus anos. Em diversas outras situações o homem mais fraco e como já disse o menos inteligente continua a sofrer com as injustiças da natureza, aliás, que culpa ele teve de nascer sem grandes dotes?  É necessária então a criação de um muro invisível que não permite que o outro me toque e caso ele me toque deva ser punido querendo ou não, (entende-se por “tocar” todo ato nocivo ao ser em questão) respondendo a um grande poder “maior” que todos estão submetidos: a lei.

                A lei e o estado vistos sob os parâmetros de proteção do bem pessoal e privado ou do bem estar próprio e alheio, é bastante positivo, e assim há de ser. É evidente também que o estado varia de nação, sociedade e cultura, entretanto ele sempre se mostra presente, é sempre necessária uma organização social para que a vida da comunidade se dê de forma ordenada e harmoniosa. Mas com a evolução da sociedade e da mente humana viu-se a oportunidade de usar esse grande poder para alcançar objetivos totalmente subjetivos, sem visar o sofrimento que certa ação pode causar no outro, objetivos que não tem pretensão nenhuma de trazer de certa forma o bem estar social, ou seja, da comunidade. Quem viu a oportunidade de fazer esse mal uso do poder foram logicamente os eleitos para representar a população, suas vontades e suas reivindicações. Assim desanda o processo de representação do povo, a partir desse ponto, os representados passam a ser constantemente enganados, cada vez com mentiras mais ridículas com restrições cada vez mais duras para com aqueles que pensam um pouco diferente, ou seja, aqueles que ofereçam algum risco para quem está no poder. Cria-se então um rebanho de pessoas que pensam igual e que são totalmente inertes e submissas ao seu governo, são vítimas do governo e se vangloriam por isso. Simples exemplos disso são aqueles que ficam felizes ao poder tirar uma foto ou cumprimentar o governante, aqueles que divinizam e idolatram os governantes, entre outros.

                Acontecem eventualmente manifestações, reformas políticas, ou seja, uma mudança massiva de pensamento da comunidade, mas outros entram no poder e geralmente acontece o mesmo. Entretanto quero me focar no trecho anterior. Prosseguindo... Quem está no poder tem apoio de parte da sociedade que são as elites que por serem elites acham ótima a organização do estado como está, logo não querem mudança, elites essas que controlam os meios de comunicação, elites essas que por possuírem maior capital cultural e monetário são geralmente quem molda o pensamento das classes mais baixas da população. Surge outro problema: as classes baixas da população começam a não enxergar problema em sua situação de vida, começam a se acostumar com isso e quando não se acostumam, elas se simplesmente se confortam com pensamentos do tipo “não existe solução, não há nada que possamos fazer para mudar isso”, tudo motivado como já disse pela manipulação que o estado e as elites impõem a essas pessoas. E não para por aí, eles ditam nosso vestuário, o que iremos comer, o vocabulário que iremos usar, e tudo o mais, morre assim os movimentos e identidades culturais de um povo, ou melhor, de vários povos.  A muito que me ocorre que tudo isto é uma grande loucura, digo, respeitar ordens e tendências de uma cultura dominante, não se opor a isso, achar normal, se acostumar com a servidão intelectual e política, não pensar sobre temas realmente importantes e fundamentais para a sociedade, além de todas as implicações para além de tudo isso. Entretanto, ninguém tem culpa de estar em determinada situação (nesse caso), mas todos têm o dever de tentar mudar, de fazer diferente e sermos diferente, não é bonito ser sempre tão igual e arredio. Enfim, agora já não é tão claro pra mim enxergar nossa saúde mental.