domingo, 26 de junho de 2016

ESTADO



         Renato Russo apregoa que nos "Nos deram espelhos e vimos um mundo doente" (link logo abaixo), desse modo a doença do mundo está em nós mesmos. Sendo assim, o poder de curar o mundo também nos pertence, afinal, somente nós podemos escolher uma mudança de lugar, uma não inércia. Eis o peso da existência segundo Sartre: "O homem está condenado a ser livre".
Tenho a percepção que um fato fundamental para oferecermos o melhor de nós aos outros e a nós mesmos e dessa forma "Criar" um mundo melhor é reconhecermos a importância do “estado de espírito".
Entendo estado de espírito como o estado emocional, disposição, até mesmo a maneira de ver o mundo. Até porque é inegável que nosso estado emocional muda muito de acordo com a lente pela qual enxergamos a realidade. Tomemos como exemplo um fato trágico ocorrido, dependendo da ótica o sujeito pode enxerga aquilo como um teste de Deus, algo que a fortalecerá ou até mesmo o fim da vida, o início de desgraças que se sucederão.
Segundo Thomas Mann "O tempo tudo clarifica e não há estado de espírito que se mantenha inalterado com o passar das horas.".  Essa frase cria a impressão que é totalmente inútil tentar mudar seu estado de espírito, já que tudo será mudado pelo decorrer das horas, ainda assim, não há tempo que seja capaz de mudar uma mente que se apoia no pessimismo ou na descrença de que um mundo melhor e possível. Por isso, como já disse em outros textos reconheço a crescente necessidade que temos de exercitar nosso lado espiritual, autoconhecimento, e até mesmo ser capaz de deixar o tempo passar com alguma sabedoria.

domingo, 12 de junho de 2016

RETORNO


Depois de mais de um ano me ausentando da presença de meus leitores e amigos virtuais, retorno. As pretensões desse humilde blog continuam as mesmas: compartilhar ideias flutuantes, pensamentos avulsos, minha visão sobre tudo o que passa e o que fica.
                Já não sou mais o mesmo que fala a vocês, as águas desse rio me mudaram, me mataram e fizeram um novo eu renascer. Ouso dizer que vocês também já não são os mesmos, seja pela mudança de leitores, seja pelas mudanças que a vida lhes infringiu. Dentre as tantas coisas que morreram está a percepção que eu tinha sobre a morte, e sobre sua natureza destruidora. Atualmente percebo a morte apenas como um estágio a ser passado, estágio tão único como qualquer outro na vida. Certa vez ouvi dizer que o que dá sentido a cada uma das palavras que são ditas é o ponto final, assim como o que dá sentido a cada ato realizado é a morte. Desse modo vivemos nos preparando pra morte, vivemos nos preparando pra dar sentido àquilo tudo que fizemos em vida. Emblema disso é a música de Raul Seixas "Canto para minha morte" (abaixo deixo a música)
                Outro ponto interessante sobre a morte é que a cada dia que passa uma parte de nós morre e algo vem assumir seu lugar, seja uma dúvida ou um pensamento bem construído que achamos inocentemente ser eterno. Um exemplo pra clarear isso é que toda criança um dia vê morrer em si aquele crença no papai noel, após essa morte um novo pensamento nasce: os presentes são comprados, tudo não passa do nada mágico comércio que estamos habituados. Nesse eterno ciclo de morte e renascimento levamos nossa vida. Queimando e vendo ser queimadas partes nossas e vendo da cinza renascer algo mais sólido, mais maduro, mas do mesmo modo finito.

                Essas tão diferentes mortes (aquela que representa o fim da vida, e aquela que representa o fim de determinado ser, que logo se transforma em algo mais precioso) têm certa ligação: não poderem ser desfeitas, terem que ser engolidas. Assim, consumindo e sendo consumido vejo o tempo se consumir. Após essa breve reflexão sobre o fim, alcanço o fim desse texto.