domingo, 3 de julho de 2016

NECESSIDADE


"Um fato marcou a minha vida para sempre: eu nasci! ... O resto foi uma mera sequência de acontecimentos, que já é passado.
Neste instante, vivo o presente (que ainda não é fato), que está sendo feito, que pulsa no ritmo do meu coração, que passa na velocidade do meu pensamento, cheio de lembranças, sonhos e, desejos... Tudo tão efêmero quanto a própria existência. Outro fato irá selar a minha vida...
Então, o mundo já não existirá para mim." Luiz Colares (link logo abaixo)

          Essas palavras de Luiz Colares me fazem pensar muito sobre algo que se chama necessidade. Penso na efemeridade e velocidade com que a vida passa e logo penso na necessidade de fazer algumas coisas. Por exemplo, qual a necessidade de escrever esse texto? Não há resposta, e nem necessidade. Seria então esse texto e todas as outras coisas que faço que não têm necessidade coisas sem importância? Coisas que nada significam e que apenas roubam pouco a pouco meu curto tempo de vida? Definitivamente não, aliás, em textos anteriores eu já descrevi como as coisas “inúteis” podem ter seu valor (e muitas vezes o tem).
             A necessidade é uma imposição, obrigação, coisa que não se escolhe, sobre a qual não se tem poder, devido a isso a necessidade é muitas vezes vista como algo maldito, entretanto, se olharmos a vida com atenção veremos que muitas coisas das quais necessitamos e fazemos de forma tão automática são grandes prazeres. Um simples exemplo é tomar banho, que grande prazer existe nisso e nós nem dos damos conta devido á pressa. Me lembro agora do filme “Legião dos anjos”, na parte final desse filme o anjo Miguel tem que decidir se será imortal e permanecerá como um anjo ou se será mortal, entretanto, terá alguns prazeres que como anjo não possuía, ele decide pela segunda opção. Após decidir e seu desejo ser concedido por Deus, a primeira coisa que ele faz é entrar debaixo do chuveiro e tomar um banho bem quente e sentir um enorme prazer enquanto a água quente escorre pelo seu corpo. Nesse momento me dei conta de como é gostoso fazer isso. Citarei tudo o que é necessidade e é prazeroso e deixarei aos meus leitores o dever de lembrar o prazer que existe em tais ações: Tomar água, alimentar-se, dormir, respirar e até mesmo as necessidades mais básicas são fontes de satisfação!
           Mesmo que passageira não podemos acusar a vida de ser um desprazer. Podemos apenas acusar a nós mesmos de sermos desatentos. Da Vinci enfatiza que “...o maior prazer está na contemplação.” Contemplar nossa vida com mais calma revela ser isso a mais pura verdade. Entendo agora que talvez a magia não seja viver grandes momentos e sim enxergar a grandeza dos pequenos, cotidianos e necessários.
Abaixo deixo além do poema recitado, uma música que se chama "Cotidiano" do Chico, mostrando algum dos prazeres (e desprazeres) da vida.

“Porque, que é a vossa vida? É um vapor que aparece por um pouco, e depois se desvanece.” Tiago 4:14