Por tanto se falar na morte de Roberto Bolaños nos últimos dias
tive a percepção que seu personagem, o Chaves, é muito similar a um antigo
filósofo clássico: Diógenes. Diógenes foi um pensador bastante singular devido
a seu modo de vida e suas ideias extremamente liberais. Ele impressionou a
todos e deixava sempre a impressão de ser um louco, essa fama se deve
principalmente por ele ter se tornado
um mendigo que habitava as ruas de Atenas, fazendo
da pobreza extrema uma virtude; diz-se que teria vivido num grande barril, no
lugar de uma casa, ele buscava assim a felicidade na autossuficiência e em uma
vida simples, natural que não dependesse de modo algum das luxúrias da
civilização. Seu lema era: “Não quero ter nada para não ser propriedade de
nada.”.
O que mais me impressiona é que além do modo de vida do Chaves ser bastante
similar ao de Diógenes, Chaves assim como Diógenes era feliz com essa maneira
de viver, se fizermos uma análise de cada um dos personagens vemos que todos
têm seus problemas, neuras e impedimentos, já o Chaves nunca é impedido por
nada, ele sempre está desocupado, sempre pode dizer o que quer, nunca tem nada
a perder e por isso é tão livre. Então porque não dizer que Chaves era mais um
seguidor de Diógenes? É bem razoável dizer que Chaves fazia parte da escola
cinista. A palavra cinismo que designa a escola do qual Diógenes participava é
baseada no termo grego “kynon" que em grego significa cão. Assim
como Diógenes Chaves vivia como um cão, Chaves nunca era falso, sempre reagia
com honestidade frente a verdade. Daí deriva o “foi sem querer, querendo...”.
Assim como Diógenes achava que temos muito a aprender com os cães, acho que nós
temos muito que aprender com Chaves: honestidade, simplicidade, transparência
são só alguns dos valores que podemos aprender com ele. Desse ponto de vista
pode ser bem útil assistir SBT... (mas só desse)