Abujamra dizia que a gente se
acostuma, mas não devia. E esse ato de se acostumar é aquele de negar
entregar-se integralmente à vida e passar a existir apenas. Muitas vezes temos até vontade de viver, mas
vontade sem ação ou atitude de nada adianta e “morremos de vontade de viver”. E
o que foi toda essa vontade inerte senão uma forma de se auto torturar e
prolongar seu sofrimento?
Já dizia Nietzsche que a esperança é
apenas tempo perdido. Esperança essa do verbo “esperar” e não aquela radiante
esperança do verbo “esperançar”, esperançar é correr atrás, querer e de fato
buscar, sentimento não inerte.
Esse foi mais um dos importantes
ensinamentos que Abu deixou-nos: A gente se acostuma, mas não devia:
Durante esse mês quero
dedicar todas as minhas postagens ao grande pensador, apresentador, ator e,
sobretudo, um grande professor: Antônio Abujamra! Dentre suas inúmeras citações
e também profundos pensamentos eu construí boa parte de meus pensamentos, de
minha visão, portanto, me construí sobre a importantíssima tutela do meu
querido Abu... Devido a isso e muito mais quero tentar repassar da maneira mais
fidedigna que puder seus importantes ensinamentos, e poderei fazer isso
escrevendo, e para você leitor que porventura passou quero deixar-lhe o melhor
(que pude absorver) desse homem incrível.
"Embora minha cabeça não tenha mudado, as
viagens serviram para que eu me conhecesse melhor e tomasse um rumo, após
perceber que a essência do meu progresso estava em poder aceitar a minha
decadência. Ou seja, progredir até morrer, porque viver é morrer. E não me
arrependo de nada."
Antônio
Abujamra
Na passagem dos dias, ao mesmo tempo em que nos formamos
e nos construímos também nos reinventamos e morremos. Porque se não fosse assim
não encontraríamos sentido em tudo isso que chamamos de vida. Quanto mais
próximos da morte estamos, mais nos damos conta que a vida é finita e que sim,
aquele dia há de chegar. Abujamra não idolatrava a morte e sim a dúvida, mas é
engraçado pensar que a dúvida e a morte estão sim relacionadas... Por exemplo:
a dúvida que vivemos pela eternidade, a dúvida da importância de fazer algo que
não gostamos, a dúvida em sistemas já estabelecidos, a dúvida em tudo o que é
dito universal e imutável. Todos esses tipo de dúvidas são importantes, aliás
quem tem essas dúvidas tem a noção da importância de cada segundo perdido. E
assim se relaciona a dúvida com a morte. Para terminar esse pensamento, quero
deixar-lhes minha breve conclusão: duvidar é viver, portanto, vivamos!