domingo, 24 de maio de 2015

ACOSTUMAR É MORRER


Abujamra dizia que a gente se acostuma, mas não devia. E esse ato de se acostumar é aquele de negar entregar-se integralmente à vida e passar a existir apenas. Muitas vezes temos até vontade de viver, mas vontade sem ação ou atitude de nada adianta e “morremos de vontade de viver”. E o que foi toda essa vontade inerte senão uma forma de se auto torturar e prolongar seu sofrimento?
Já dizia Nietzsche que a esperança é apenas tempo perdido. Esperança essa do verbo “esperar” e não aquela radiante esperança do verbo “esperançar”, esperançar é correr atrás, querer e de fato buscar, sentimento não inerte.
Esse foi mais um dos importantes ensinamentos que Abu deixou-nos: A gente se acostuma, mas não devia:


domingo, 3 de maio de 2015

O PROFESSOR

                                  












Durante esse mês quero dedicar todas as minhas postagens ao grande pensador, apresentador, ator e, sobretudo, um grande professor: Antônio Abujamra! Dentre suas inúmeras citações e também profundos pensamentos eu construí boa parte de meus pensamentos, de minha visão, portanto, me construí sobre a importantíssima tutela do meu querido Abu... Devido a isso e muito mais quero tentar repassar da maneira mais fidedigna que puder seus importantes ensinamentos, e poderei fazer isso escrevendo, e para você leitor que porventura passou quero deixar-lhe o melhor (que pude absorver) desse homem incrível.

"Embora minha cabeça não tenha mudado, as viagens serviram para que eu me conhecesse melhor e tomasse um rumo, após perceber que a essência do meu progresso estava em poder aceitar a minha decadência. Ou seja, progredir até morrer, porque viver é morrer. E não me arrependo de nada."
                                                                                                          Antônio Abujamra

            Na passagem dos dias, ao mesmo tempo em que nos formamos e nos construímos também nos reinventamos e morremos. Porque se não fosse assim não encontraríamos sentido em tudo isso que chamamos de vida. Quanto mais próximos da morte estamos, mais nos damos conta que a vida é finita e que sim, aquele dia há de chegar. Abujamra não idolatrava a morte e sim a dúvida, mas é engraçado pensar que a dúvida e a morte estão sim relacionadas... Por exemplo: a dúvida que vivemos pela eternidade, a dúvida da importância de fazer algo que não gostamos, a dúvida em sistemas já estabelecidos, a dúvida em tudo o que é dito universal e imutável. Todos esses tipo de dúvidas são importantes, aliás quem tem essas dúvidas tem a noção da importância de cada segundo perdido. E assim se relaciona a dúvida com a morte. Para terminar esse pensamento, quero deixar-lhes minha breve conclusão: duvidar é viver, portanto, vivamos! 


domingo, 15 de março de 2015

NÓS, MIMADOS.

“A mentalidade técnico-científica habituou-nos a crer que só é válido o que é verificável, aceitável, controlável pela experiência e pelo cálculo e o que é fecundo de resultados tangíveis.” Giovanni Reale

Alguns dias atrás me lembrei dessa frase e por coincidência estava vendo um breve comentário do filósofo Luiz Felipe Pondé em que ele dizia que “ provavelmente daqui há mil anos não irão lembrar da nossa época como a época do ‘Ipad’, vão lembrar da nossa época como a época do ressentimento”


Coincidência, pois considero que seja muito provável que nós, nossa sociedade esteja cada vez mais mimada e ressentida exatamente pelo fato que não damos mais a devida atenção a essas coisas que não são “fecundas de resultados tangíveis” um simples exemplo é que ações como meditar, conversar com si mesmo, reservar um momento do seu dia para a introspecção entre outras coisas como professar sua fé estão ficando cada vez mais de lado e quase nunca na nossa rotina. Bom, por hoje é isso, só um rápido pensamento. Vou deixar o comentário do filósofo aqui embaixo, pode ajudar a completar o sentido do texto.

domingo, 22 de fevereiro de 2015

CONSTRUA PONTES


Muitas vezes na vida é necessário que construamos pontes, e essas pontes na maioria das vezes nos levam para outras pessoas, outras situações, novos empregos, novas cidades, ou seja, o lado de “lá”... O grande problema é que o lado de “cá” fica exatamente na nossa zona de conforto, no lugar que queremos ficar. Muitas vezes até desejamos estar em outro lugar, com outra pessoa, com outra vida, mas quase nunca estamos animados a nos mover e começar a construir essa ponte...
Meu tio-avô Josias sempre me diz: “nada nessa vida é fácil”, construir uma ponte também pode ser difícil, pode ser que não dê certo, pode ser que do lado de lá não seja bem o que esperamos, mas, só o ato de começar a construção já vale por si só. Na música “Novos horizontes” do grupo Engenheiros do Hawaii o eu-lírico se vê numa situação em que não gostaria de estar, pois ele não tem mais controle de sua vida apenas está em “queda livre”, e então toma uma atitude em relação à situação, resolve que não quer mais ficar assim, e então enfatiza seu desejo: “Quero explodir as grades/ E voar/ Não tenho pra onde ir/ Mas não quero ficar”. Como agente motivador usa a frase tema desse texto: “Quem constrói a ponte/Não conhece o lado de lá”
Quantas vezes na vida o que nos falta é apenas aquele agente motivador, aquela coragem pra sair da zona de conforto. E por incrível que pareça muitas vezes construir uma ponte pode ser bem menos trabalhoso do que parece. E por mais que dúvidas sobre até onde se vale ir atrás de algo que nem mesmo temos certeza do resultado, mantenha-se fiel a suas inclinações. Lembre-se da frase: “Quem constrói a ponte não conhece o lado de lá” e que o que te mova seja a vontade de conhecer o lado de lá.
Que esse texto seja para você o mesmo que essa frase foi pra mim: o agente motivador, o estopim para se mover em direção àquilo que almeja!


Música citada:



domingo, 15 de fevereiro de 2015

O racionalismo e suas limitações

                 O que há de mais belo que o racionalismo?- O racionalismo sempre me pareceu uma boa forma de interpretar a realidade e acontecimentos que conhecemos, aliás, é ótimo livrar-se de muletas metafísicas e miragens que constantemente nos atrapalham o raciocínio. Entretanto me parece também que o racionalismo exagerado é também uma forma de fuga da realidade, levando em consideração que o meio em que nos encontramos é uma clara miscigenação entre acontecimentos e interpretações dos mesmos, sendo essas interpretações algo muito próximo à mística, principalmente pela clara subjetividade e particularidade de interpretação do mesmo acontecimento por dois diferentes expectadores.            
                 Não sendo possível desvencilhar os sentidos, de experiências já vividas pelo expectador, vemos como a interpretação da realidade se torna cada vez mais fugaz. Surgem constantemente dúvidas como: “Se dois sujeitos tivessem o mesmo passado, captariam o mundo da mesma forma?” ou “De que maneira a fisiologia (genética, predisposições, etc.) interfere na interpretação do universo?”. Tudo isto me deixa com a impressão de que existe sim uma mística, uma magia agindo em nosso meio: a mística dos sentidos, que se converge em pontos fundamentais com a “realidade lá fora”. Estamos, portanto, presos ao nosso modo comparativo de observar o mundo. Estamos presos a nós mesmos!            
               Olhando de certo ângulo o racionalismo é uma forma de tentar incessantemente livrar-se de si mesmo. Algo por si só indiscutivelmente prejudicial e utópico, um simples exemplo é o pai do racionalismo que por meio do modo racional de ver o mundo chegou à conclusão de que uma das ideias que é considerada por muitos algo improvável e até mesmo impossível é real: Deus. Digo isso, pois segundo a máxima racional de só crer no que é provável, “tangível” por assim dizer é uma grande contradição tomar como real algo totalmente improvável e intangível. Não seria, portanto, errado dizer que (nesse ponto) Descartes foi um místico fantasiado de racionalista, seria também bastante plausível dizer que Descartes sofreu um boicote de seu próprio pensamento. Aconteceu isso exatamente no momento em que tentava escapar de si. Vemos como é praticamente impossível ver o mundo fora de si, ver o mundo sem quem eu sou e tudo o que isso implica... Contento-me com a máxima nietzschiana: “A ciência não consegue explicar o mundo, ela consegue apenas descrevê-lo.”.