O que há de
mais belo que o racionalismo?- O racionalismo sempre me pareceu uma boa forma
de interpretar a realidade e acontecimentos que conhecemos, aliás, é ótimo
livrar-se de muletas metafísicas e miragens que constantemente nos atrapalham o
raciocínio. Entretanto me parece também que o racionalismo exagerado é também
uma forma de fuga da realidade, levando em consideração que o meio em que nos
encontramos é uma clara miscigenação entre acontecimentos e interpretações dos
mesmos, sendo essas interpretações algo muito próximo à mística, principalmente
pela clara subjetividade e particularidade de interpretação do mesmo
acontecimento por dois diferentes expectadores.
Não sendo possível desvencilhar os
sentidos, de experiências já vividas pelo expectador, vemos como a
interpretação da realidade se torna cada vez mais fugaz. Surgem constantemente
dúvidas como: “Se dois sujeitos tivessem o mesmo passado, captariam o mundo da
mesma forma?” ou “De que maneira a fisiologia (genética, predisposições, etc.)
interfere na interpretação do universo?”. Tudo isto me deixa com a impressão de
que existe sim uma mística, uma magia agindo em nosso meio: a mística dos
sentidos, que se converge em pontos fundamentais com a “realidade lá fora”.
Estamos, portanto, presos ao nosso modo comparativo de observar o mundo.
Estamos presos a nós mesmos!
Olhando de certo ângulo o
racionalismo é uma forma de tentar incessantemente livrar-se de si mesmo. Algo
por si só indiscutivelmente prejudicial e utópico, um simples exemplo é o pai
do racionalismo que por meio do modo racional de ver o mundo chegou à conclusão
de que uma das ideias que é considerada por muitos algo improvável e até mesmo
impossível é real: Deus. Digo isso, pois segundo a máxima racional de só crer
no que é provável, “tangível” por assim dizer é uma grande contradição tomar
como real algo totalmente improvável e intangível. Não seria, portanto, errado
dizer que (nesse ponto) Descartes foi um místico fantasiado de racionalista,
seria também bastante plausível dizer que Descartes sofreu um boicote de seu
próprio pensamento. Aconteceu isso exatamente no momento em que tentava escapar
de si. Vemos como é praticamente impossível ver o mundo fora de si, ver o mundo
sem quem eu sou e tudo o que isso implica... Contento-me com a máxima nietzschiana:
“A ciência não consegue explicar o mundo, ela consegue apenas descrevê-lo.”.
Excelente texto, Gabriel! Agrada-me muito esta frase de Nietzsche! Ás vezes creio seres tu tão génio quanto ele!
ResponderExcluirObrigado! Que bom que gostou dessa frase, então é bem provável que gostará dessa animação (https://www.youtube.com/watch?v=Y68mGbvZZZg). Nossa, que elogio hein!? Mas não há nem comparação, Nietzsche é um mestre, nem me aproximo dele rs....
Excluir