domingo, 12 de junho de 2016

RETORNO


Depois de mais de um ano me ausentando da presença de meus leitores e amigos virtuais, retorno. As pretensões desse humilde blog continuam as mesmas: compartilhar ideias flutuantes, pensamentos avulsos, minha visão sobre tudo o que passa e o que fica.
                Já não sou mais o mesmo que fala a vocês, as águas desse rio me mudaram, me mataram e fizeram um novo eu renascer. Ouso dizer que vocês também já não são os mesmos, seja pela mudança de leitores, seja pelas mudanças que a vida lhes infringiu. Dentre as tantas coisas que morreram está a percepção que eu tinha sobre a morte, e sobre sua natureza destruidora. Atualmente percebo a morte apenas como um estágio a ser passado, estágio tão único como qualquer outro na vida. Certa vez ouvi dizer que o que dá sentido a cada uma das palavras que são ditas é o ponto final, assim como o que dá sentido a cada ato realizado é a morte. Desse modo vivemos nos preparando pra morte, vivemos nos preparando pra dar sentido àquilo tudo que fizemos em vida. Emblema disso é a música de Raul Seixas "Canto para minha morte" (abaixo deixo a música)
                Outro ponto interessante sobre a morte é que a cada dia que passa uma parte de nós morre e algo vem assumir seu lugar, seja uma dúvida ou um pensamento bem construído que achamos inocentemente ser eterno. Um exemplo pra clarear isso é que toda criança um dia vê morrer em si aquele crença no papai noel, após essa morte um novo pensamento nasce: os presentes são comprados, tudo não passa do nada mágico comércio que estamos habituados. Nesse eterno ciclo de morte e renascimento levamos nossa vida. Queimando e vendo ser queimadas partes nossas e vendo da cinza renascer algo mais sólido, mais maduro, mas do mesmo modo finito.

                Essas tão diferentes mortes (aquela que representa o fim da vida, e aquela que representa o fim de determinado ser, que logo se transforma em algo mais precioso) têm certa ligação: não poderem ser desfeitas, terem que ser engolidas. Assim, consumindo e sendo consumido vejo o tempo se consumir. Após essa breve reflexão sobre o fim, alcanço o fim desse texto.



3 comentários:

  1. Seria realmente interessante se todos estivessem preparados para a morte, mas esse não é o caso de todos, pelo contrário é assustador à eles...

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  2. De fato, suas palavras me fazem lembrar Dostoiévski que diz: "O homem teme a morte porque ama a vida." Talvez nunca estejamos realmente preparados para a morte... Quanto mais velhos mais despreparados...

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    1. Você estaria dentro deste fato? Desesperado para morte ou o fato de escrever sobre...

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