Depois de mais de um ano me ausentando da presença de meus leitores e
amigos virtuais, retorno. As pretensões desse humilde blog continuam as mesmas:
compartilhar ideias flutuantes, pensamentos avulsos, minha visão sobre tudo o
que passa e o que fica.
Já não sou mais o
mesmo que fala a vocês, as águas desse rio me mudaram, me mataram e fizeram um
novo eu renascer. Ouso dizer que vocês também já não são os mesmos, seja pela
mudança de leitores, seja pelas mudanças que a vida lhes infringiu. Dentre as
tantas coisas que morreram está a percepção que eu tinha sobre a morte, e sobre
sua natureza destruidora. Atualmente percebo a morte apenas como um estágio a
ser passado, estágio tão único como qualquer outro na vida. Certa vez ouvi dizer
que o que dá sentido a cada uma das palavras que são ditas é o ponto final,
assim como o que dá sentido a cada ato realizado é a morte. Desse modo vivemos
nos preparando pra morte, vivemos nos preparando pra dar sentido àquilo tudo
que fizemos em vida. Emblema disso é a música de Raul Seixas "Canto para minha morte" (abaixo deixo a música)
Outro ponto
interessante sobre a morte é que a cada dia que passa uma parte de nós morre e
algo vem assumir seu lugar, seja uma dúvida ou um pensamento bem construído que
achamos inocentemente ser eterno. Um exemplo pra clarear isso é que toda
criança um dia vê morrer em si aquele crença no papai noel, após essa morte um
novo pensamento nasce: os presentes são comprados, tudo não passa do nada
mágico comércio que estamos habituados. Nesse eterno ciclo de morte e
renascimento levamos nossa vida. Queimando e vendo ser queimadas partes nossas
e vendo da cinza renascer algo mais sólido, mais maduro, mas do mesmo modo
finito.
Essas tão
diferentes mortes (aquela que representa o fim da vida, e aquela que representa
o fim de determinado ser, que logo se transforma em algo mais precioso) têm
certa ligação: não poderem ser desfeitas, terem que ser engolidas. Assim,
consumindo e sendo consumido vejo o tempo se consumir. Após essa breve reflexão
sobre o fim, alcanço o fim desse texto.
Seria realmente interessante se todos estivessem preparados para a morte, mas esse não é o caso de todos, pelo contrário é assustador à eles...
ResponderExcluirDe fato, suas palavras me fazem lembrar Dostoiévski que diz: "O homem teme a morte porque ama a vida." Talvez nunca estejamos realmente preparados para a morte... Quanto mais velhos mais despreparados...
ResponderExcluirVocê estaria dentro deste fato? Desesperado para morte ou o fato de escrever sobre...
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